Artista é detido por apologia ao crime e ligação com o tráfico, enquanto antigas acusações de tortura e cárcere privado vêm à tona.
O cenário musical brasileiro foi abalado nesta quinta-feira (29) com a prisão de Marlon Brendon Coelho Couto Silva, mais conhecido como MC Poze do Rodo. O funkeiro foi detido sob as acusações de apologia ao crime e envolvimento com o tráfico de drogas, em uma operação que lança luz sobre o histórico controverso do artista.
A prisão ocorreu na manhã de quinta-feira (29), por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil do Rio de Janeiro. O mandado de prisão temporária foi cumprido na residência de Poze, em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste da capital fluminense. Ao ser transferido, o MC alegou perseguição, questionando a falta de provas concretas e sugerindo que a polícia deveria focar em criminosos nas comunidades.
O histórico criminal de Poze do Rodo inclui 10 anotações, e entre elas, uma grave investigação por tortura e cárcere privado, em um inquérito em andamento na 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes). Segundo o registro de ocorrência, em fevereiro de 2023, seu ex-empresário, Renato Medeiros, o acusou de roubar um bracelete e de ter sido agredido pelo MC e seus amigos. Medeiros, que apareceu publicamente com hematomas e o braço engessado, afirmou que Poze não só mandou, mas também participou ativamente das agressões. A gravadora do artista, por sua vez, negou o envolvimento de Poze, alegando que Medeiros foi o autor de um furto e se envolveu em uma briga.
A polícia civil fundamenta a prisão atual na realização de shows de Poze em áreas dominadas pelo Comando Vermelho (CV), com a ostensiva presença de traficantes armados. A DRE afirma que o repertório do funkeiro “faz clara apologia ao tráfico de drogas e ao uso ilegal de armas de fogo” e “incita confrontos armados entre facções rivais”. Além disso, a delegacia sugere que os shows de Poze são “estrategicamente utilizados pela facção para aumentar seus lucros com a venda de entorpecentes”.
Conexão com o Comando Vermelho e Histórico de Polêmicas
Durante seu ingresso no sistema penitenciário fluminense, Poze do Rodo declarou ter ligação com a facção Comando Vermelho, informação que o levou a ser encaminhado para a Penitenciária Serrano Neves (Bangu 3), unidade prisional que abriga membros do CV. Apesar da declaração, a defesa do MC ressaltou que a escolha é uma medida de segurança dentro do sistema prisional e não implica confissão de culpa ou vínculo com a facção. Poze já havia admitido envolvimento com o CV no passado em entrevistas, mas sempre com a narrativa de que o crime não leva a lugar nenhum, incentivando jovens a buscar uma vida tranquila.
A carreira do MC é marcada por outras polêmicas. Em 2019, foi preso por apologia ao crime durante um show em Mato Grosso. Em 2021, a polícia do Rio pediu sua prisão por realizar bailes funk durante a pandemia, acusação que foi arquivada. Em 2023, respondeu por maus-tratos a animais após seu cachorro consumir maconha em gravação de clipe, caso também arquivado. Em novembro de 2024, foi alvo da Operação Rifa Limpa, que investigava sorteios ilegais, tendo seus bens apreendidos e posteriormente restituídos pela Justiça.
MC Poze do Rodo ganhou notoriedade no funk carioca no final da década de 2010, conhecido por músicas como “Diz aí qual é o plano?” e “Me sinto abençoado”, que abordam a vida nas comunidades. Com mais de 15 milhões de seguidores em redes sociais, o artista ostenta um estilo de vida exuberante, sendo casado com a influenciadora Viviane Noronha e pai de cinco filhos.
A defesa do MC Poze do Rodo já adiantou que entrará com um habeas corpus caso ele não seja liberado. A repercussão da prisão continua, e os próximos passos do caso prometem manter o público atento aos desdobramentos dessa trama que mistura música, fama e desafios com a justiça.
