Buscas em Campinas revelam suspeita de influência política para liberação de R$ 70 milhões em contratos de livros didáticos com sobrepreço.

O cenário político-judicial nacional agitou-se com a recente operação da Polícia Federal (PF) que mirou a ex-nora do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Carla Ariane Trindade. A PF cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Carla, em Campinas (SP), na manhã de ontem (quarta-feira) , em uma investigação que apura fraudes em licitações e desvio de dinheiro público no Ministério da Educação (MEC).
O Recebimento da PF
A ação da Polícia Federal na residência de Carla foi recebida por ninguém menos que o filho adotivo do presidente Lula, Marcos Cláudio Lula da Silva, ex-marido de Carla, com quem foi casado por quase 20 anos.
O documento da PF confirma que, além de Marcos, estavam no imóvel Carla, o filho do casal e os pais dela.
O Esquema Suspeito
A investigação da PF aponta que Carla Ariane Trindade teria atuado para liberar valores no MEC em favor da empresa Life Tecnologia Educacional. Essa empresa, sediada no interior paulista, é suspeita de obter contratos multimilionários com prefeituras de São Paulo, totalizando cerca de R$ 70 milhões em fornecimento de kits e livros didáticos.
- A Conexão da Influência: Carla é citada como uma das cinco pessoas “influentes da política local e nacional” que seriam contatos-chave para o dono da Life, André Mariano. As anotações de Mariano referenciam Carla como “amiga de Paulínia”, “nora” e simplesmente “Carla”.
- Viagens a Brasília: A PF destacou que a ex-nora de Lula viajou diversas vezes a Brasília, sendo que as passagens foram, em algumas ocasiões, custeadas pelo próprio dono da Life. Essa dinâmica de agendamentos reforça a tese de que Carla “defendia os interesses” do empresário junto a órgãos públicos, buscando “recursos e contratos”.
O Prejuízo e o Sobrepreço
A Polícia Federal indica que a Life revendeu livros didáticos para as prefeituras com um sobrepreço alarmante. Exemplares comprados pela empresa por valores entre R$ 1 e R$ 5 eram repassados aos municípios por cifras entre R$ 60 e R$ 80.
A análise preliminar das notas fiscais sugere que a Life Tecnologia teria lucrado, pelo menos, R$ 50 milhões com a venda desses materiais didáticos às prefeituras, movimentando mais de R$ 86 milhões.
Material Apreendido e Defesa
Durante a operação, os agentes da PF apreenderam o passaporte de Carla, um celular, um computador e um caderno de capa dura. A defesa de Carla Ariane Trindade afirmou que está solicitando acesso ao processo completo e só se manifestará publicamente após ter conhecimento total da investigação.
Implicações: A investigação também menciona a atuação de Kalil Bittar, um ex-sócio de Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha, em um caso que amplia o escopo político do inquérito.