Wolney Queiroz assume a pasta em meio a investigações de fraude bilionária que começou em 2019

Em Brasília, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, acertou sua saída do cargo nesta sexta-feira (2), após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. Para o seu lugar, o Palácio do Planalto anunciou o ex-deputado federal Wolney Queiroz, atual secretário-executivo da pasta. O agora ex-ministro, que é presidente nacional do PDT, comunicou a decisão em suas redes sociais.
Lupi declarou que sua decisão foi tomada com a certeza de que seu nome não foi citado nas investigações em curso sobre possíveis irregularidades no INSS. Ele ressaltou que todas as apurações foram apoiadas pelo Ministério da Previdência e órgãos de controle do governo Lula, e expressou esperança de que os responsáveis sejam identificados e punidos.
A exoneração de Lupi e a nomeação de Wolney Queiroz serão oficializadas em edição extra do Diário Oficial da União (DOU). A mudança no comando do Ministério da Previdência ocorre uma semana após a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagrarem uma operação conjunta que investiga um suposto esquema de descontos não autorizados de mensalidades associativas em benefícios do INSS.
As investigações apontam que as irregularidades tiveram início em 2019, durante a gestão de Jair Bolsonaro, e continuaram nos anos seguintes. A PF informou ter reunido indícios de irregularidades em parte dos cerca de R$ 6,3 bilhões movimentados pela cobrança das mensalidades associativas entre 2019 e 2024. Auditorias da CGU e do próprio INSS também apontaram inconsistências e problemas relacionados ao tema.
O caso já havia resultado na exoneração do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e no afastamento de quatro dirigentes da autarquia e de um policial federal. Deputados de oposição protocolaram um requerimento de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os sindicatos envolvidos na fraude. Pressionado, Lupi chegou a depor na Câmara dos Deputados, mas sua permanência no cargo se tornou insustentável.
Após a operação da PF, o INSS suspendeu todos os descontos oriundos dos acordos com as entidades. A Advocacia-Geral da União (AGU) formou um grupo para buscar a reparação dos prejuízos, com reuniões envolvendo o advogado-geral da União, Jorge Messias; o presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção; e o novo presidente do INSS. Em pronunciamento no Dia do Trabalhador, o presidente Lula prometeu que os prejudicados serão ressarcidos.