A iniciativa estadual busca conscientizar a população sobre os fatores de risco, como tabagismo e alcoolismo, e a necessidade de atenção aos sinais de alerta

O estado de Minas Gerais lança campanha “Julho Verde”, um período dedicado à intensificação dos alertas sobre a relevância da prevenção e da detecção precoce do câncer na região da cabeça e do pescoço. A iniciativa do Governo de Minas visa informar a população sobre os riscos e os sinais da doença que, quando identificada em seus estágios iniciais, apresenta altas chances de cura.
O câncer de boca, por exemplo, é um dos tipos mais comuns, com estimativas de cerca de 15 mil novos casos no Brasil por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Embora a doença tenha sido tradicionalmente mais prevalente em homens acima dos 60 anos, especialistas têm observado uma mudança no perfil dos pacientes. O coordenador do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), Guilherme Souza, destaca uma redução na faixa etária das pessoas acometidas e um crescimento do número de casos em mulheres. “Há alguns anos, a proporção era de oito homens para cada mulher acometida pela doença. Hoje, esse número mudou. A cada três homens, temos uma mulher com câncer de boca”, compara Souza.
A maioria dos casos de câncer de cabeça e pescoço está intrinsecamente ligada a dois fatores de risco principais: o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas. A conscientização sobre os perigos dessas substâncias é fundamental para a prevenção da doença.
Para a população de Patrocínio e região, é crucial estar atenta aos sinais que o corpo pode manifestar. Guilherme Souza enfatiza a importância de procurar atendimento médico na Unidade Básica de Saúde (UBS) ao notar qualquer sintoma persistente. Feridas que não cicatrizam, nódulos no pescoço, rouquidão prolongada, dor ou dificuldade para engolir são indícios que merecem atenção imediata e a busca por avaliação profissional.
A detecção precoce é um pilar fundamental para o sucesso do tratamento e para mitigar possíveis sequelas, que podem variar de acordo com cada caso, como perda da voz, dificuldades para se alimentar ou alterações estéticas. “Por isso, reforçamos sempre a importância do diagnóstico precoce”, salienta o médico.
O caso de José Eustáquio de Almeida, paciente do Hospital Alberto Cavalcanti, ilustra a importância da atenção aos sintomas. Após quase um ano com rouquidão na voz, seu primeiro sintoma, ele demorou a procurar atendimento, o que levou a um agravamento de um câncer de laringe. “Demorei a procurar atendimento e não dei muita atenção para o que ia aparecendo”, lembra José Eustáquio, que hoje, aos 70 anos e após o tratamento, mantém uma vida ativa.