Proposta do governo federal causa polêmica entre especialistas e donos de CFCs, que já sentem o impacto na economia do setor

A forma como os brasileiros obtêm a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) pode mudar significativamente. O governo federal apresentou um projeto para acabar com a obrigatoriedade de frequentar autoescolas, uma medida que poderia reduzir os custos do processo em até 75%. A proposta, idealizada pelo Ministério dos Transportes, tem como objetivo democratizar o acesso à habilitação, especialmente para jovens de baixa renda.
Atualmente, o custo médio para tirar a CNH no Brasil é de R$ 3.215,64, sendo que 77% desse valor é direcionado aos Centros de Formação de Condutores (CFCs). Com a nova regra, que já funciona em países como Estados Unidos e Argentina , o candidato poderia estudar por conta própria ou contratar um instrutor credenciado individualmente, economizando uma quantia considerável.
Impacto na economia e no setor de autoescolas
De acordo com apuração da CNN, a mudança poderia gerar uma economia de até R$ 9 bilhões por ano aos brasileiros. No entanto, a notícia da proposta já causa preocupação no setor. Donos de autoescolas em todo o país têm relatado pedidos de cancelamento de cursos e reembolso por parte dos alunos. Alguns empresários afirmam, inclusive, já ter colocado instrutores em aviso prévio devido à queda no movimento.
A Federação Nacional das Autoescolas e Centros de Formação de Condutores (Feneauto) se manifestou de forma contrária ao projeto. Para o presidente da Feneauto, Ygor Valença, a iniciativa é “precipitada e sem respaldo técnico”. Ele critica a ausência de diálogo do governo com especialistas de trânsito e vê a proposta como uma “tentativa de inflar a popularidade com uma pauta de apelo fácil, sem considerar os riscos reais no trânsito”.
O governo garante que as autoescolas não serão extintas, mas continuarão a ser uma opção para quem preferir o método tradicional de aprendizado. A medida está em fase de construção e depende de aprovação da Casa Civil para avançar.