Pesquisa da Agência Brasil aponta que demora no diagnóstico eleva custos, mas o maior impacto é o humano

O câncer de colo de útero, uma doença que poderia ser prevenida ou tratada em seus estágios iniciais, tem se revelado um desafio crescente para a saúde pública no Brasil. Segundo um estudo recente da Agência Brasil, a demora no diagnóstico não apenas eleva os custos para o Sistema Único de Saúde (SUS), mas, mais alarmante, intensifica o sofrimento das pacientes e de suas famílias. A pesquisa, que analisou dados de mais de 200 mil mulheres em todo o país, revela uma dura realidade: quanto mais tardia a identificação da doença, mais invasivos e dolorosos se tornam os tratamentos.
A pesquisa da Agência Brasil, baseada em informações do DataSUS, demonstra que a necessidade de quimioterapia e o número de internações e visitas ambulatoriais por mês aumentam drasticamente conforme o estágio do câncer avança. Enquanto no estágio 1, 47,1% das pacientes precisam de quimioterapia, esse número salta para 85% no estágio 4. Esses dados frios, no entanto, representam o drama humano de uma luta que se torna cada vez mais desigual. O diagnóstico em estágio avançado, que ocorre em 60% dos casos no Brasil, não afeta apenas a sobrevida, mas impõe um pesado fardo de dor, incerteza e limitações físicas e emocionais.
O estudo também joga luz sobre as disparidades sociais e econômicas que cercam a doença, destacando que a maioria dos diagnósticos de câncer de colo de útero no Brasil abrange mulheres não brancas, com baixa escolaridade e que dependem exclusivamente do SUS. Para cidades como Patrocínio, onde o Hospital do Câncer de Patrocínio realiza exames essenciais para o diagnóstico, a urgência da prevenção se torna ainda mais evidente. Embora a pesquisa da Agência Brasil não detalhe dados locais, ela serve como um alerta para a necessidade de políticas públicas mais assertivas, campanhas de conscientização e acesso facilitado aos exames de rotina, como o Papanicolau, e à vacinação contra o HPV.
A pandemia de Covid-19, segundo o levantamento, agravou o cenário, com uma redução significativa em procedimentos como cirurgias e radioterapia. Isso criou lacunas no tratamento que podem ter consequências a longo prazo para a saúde das pacientes. A principal mensagem, reforçada por especialistas, é que a prevenção é a melhor arma. A vacinação contra o HPV, disponível gratuitamente no SUS para meninas e meninos, e o rastreamento por meio de exames de rotina, são as ferramentas mais eficazes para mudar essa realidade e proteger a vida de milhares de mulheres.