Operação “Descrédito” da Polícia Civil Desmascara Esquema Sofisticado de Empréstimos Ilegítimos, Revelando o Perigoso Papel de Funcionários Bancários na Clandestinidade.

Uma complexa teia de fraudes que gerou um prejuízo estimado em R$ 20 milhões foi desarticulada pela Polícia Civil de Minas Gerais. A “Operação Descrédito”, deflagrada na última quinta-feira (22), mirou uma quadrilha especializada em abrir contas bancárias com documentos falsos para contrair empréstimos sem o conhecimento das vítimas. Seis pessoas, incluindo quatro gerentes e dois ex-gerentes de três bancos diferentes, foram presas, expondo a audácia do esquema que lesou pelo menos 100 pessoas em todo o estado.
A investigação teve início em São Sebastião do Paraíso, no sul de Minas, quando uma das vítimas descobriu um empréstimo fraudulento de R$ 100 mil em seu nome e a utilização de sua identidade na capital mineira. A partir daí, a Polícia Civil desvendou a estrutura do golpe, que contava com a participação direta de funcionários bancários.
Como o Golpe Funcionava: A quadrilha operava de forma engenhosa. O “organizador do esquema” fornecia os dados das vítimas para um “falsificador”. Este, por sua vez, criava documentos falsos, inserindo os dados da pessoa idônea, mas com a foto de um estelionatário. De posse do documento forjado, o falsificador o enviava para os gerentes de banco cooptados. Esses gerentes, cientes da fraude, abriam as contas em nome das vítimas e, em seguida, efetuavam os empréstimos ilegítimos.
“Já identificamos a participação de 18 pessoas no esquema”, afirmou o delegado Rafael Gomes. Segundo ele, dois ex-gerentes colaboraram com a investigação, detalhando a mecânica do golpe. Um deles revelou que foi demitido por justa causa e recebia 10% de cada empréstimo fraudulento que realizava para o grupo. “Os gerentes eram cooptados pela quadrilha e estavam dispostos a contribuir”, complementou o delegado.
As vítimas eram escolhidas aleatoriamente, porém com um critério: possuíam um bom “score” financeiro, sendo tanto pessoas físicas quanto jurídicas. Essa escolha visava garantir a aprovação dos empréstimos. Com a consumação do golpe, não apenas a pessoa que teve seus dados usados era lesada, mas também as instituições bancárias, que arcavam com o prejuízo financeiro.
A operação cumpriu 20 mandados de busca e apreensão nas residências e locais de trabalho dos envolvidos, além de 16 mandados de prisão. As ações ocorreram em seis cidades mineiras: Belo Horizonte, Ribeirão das Neves, Sabará, Betim, Montes Claros e São Sebastião do Paraíso.
A Polícia Civil solicitou o bloqueio de 97 contas bancárias fraudulentas, um número que demonstra a escala da operação. Até o momento, uma pessoa envolvida no esquema continua foragida. Os criminosos podem responder por estelionato, organização criminosa, falsificação de documento público e uso de documento falso.