Com a saída de José Félix e Fúlvio Barbosa, clube fica sem presidente executivo e com déficit milionário; SAF é vista como única solução.

O Clube Atlético Patrocinense (CAP) enfrenta um dos momentos mais delicados de sua história recente. Com a saída de dois de seus principais dirigentes, José Félix e Fúlvio Barbosa, o clube se encontra sem um presidente executivo e com um déficit financeiro de aproximadamente R$ 1,5 milhão. A crise expõe a necessidade urgente de uma reestruturação, e a solução para o futuro do time parece apontar para um caminho inevitável: a transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
A transição administrativa foi formalizada em uma reunião na última segunda-feira, 22 de setembro. José Félix deixou a presidência do Conselho Deliberativo com uma sensação de “alívio” após anos de “dificuldades inesperadas”. Em sua avaliação, o período foi marcado por uma “luta” constante, mas a gestão conseguiu concluir a temporada de forma positiva, com chances de acesso e uma redução gradual nas dívidas do clube. O ex-dirigente, que agora será apenas conselheiro, expressou total confiança em Nivaldo Leal, o novo presidente do Conselho, que terá a missão de conduzir o clube até que uma nova diretoria executiva seja eleita.
A gestão interina de Fúlvio Barbosa
A mais impactante das saídas, no entanto, é a de Fúlvio Barbosa, que encerrou sua gestão interina como presidente executivo, cargo que ocupava desde maio. Em entrevista à Rádio Módulo, ele revelou que, em apenas quatro meses, a diretoria conseguiu arrecadar R$ 1,645 milhão, um feito impressionante que permitiu quitar obrigações trabalhistas, salários de atletas, impostos e parte de dívidas herdadas.
Apesar do esforço e da mobilização de empresários, produtores rurais e torcedores, o dirigente confirmou que a situação financeira continua extremamente frágil. Segundo Fúlvio, o clube ainda tem um déficit de cerca de R$ 1,5 milhão e, sem um projeto estruturado e novas fontes de receita, a gestão se tornou inviável. Ele enfatizou que a única alternativa para garantir a sustentabilidade a longo prazo é a busca por um parceiro financeiro sólido ou a adoção do modelo de SAF, caminho já seguido por outros clubes da região, como Mamoré e URT.
Futuro incerto e o desafio de uma SAF
O desafio imediato de Nivaldo Leal, novo presidente do Conselho Deliberativo, é convocar uma assembleia para tentar formar a nova diretoria executiva. O cenário, no entanto, é de cautela. Como destacou Fúlvio Barbosa, a falta de receitas regulares, os bloqueios em contas bancárias por ações trabalhistas antigas e a dificuldade de encontrar pessoas dispostas a assumir o comando são obstáculos que afastam possíveis candidatos.
A transparência na prestação de contas é um ponto positivo, mas o passivo herdado é grande e, sem uma mudança estrutural, o clube continuará enfrentando as mesmas dificuldades. O ex-presidente interino reforçou que a decisão de não continuar no cargo não foi um abandono, mas sim um ato de responsabilidade, para não “enganar a torcida”. A busca por uma SAF parece ser a luz no fim do túnel para o CAP, que precisa de um projeto sólido para voltar a ser competitivo e brigar por seu lugar na elite do futebol mineiro.