Alta do dólar, adversidades climáticas e redução da produção nacional pressionam custos da cadeia produtiva.
O aumento no preço da farinha de trigo no Brasil é considerado inevitável pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). Em nota divulgada, a entidade destacou que o fortalecimento do dólar frente ao real, acumulando uma alta de quase 28% no ano e atingindo valores próximos a R$ 6,19, tem impactado diretamente os custos do setor, que depende em grande parte da importação.
Além da valorização cambial, a safra nacional enfrentou um cenário desafiador em 2024. Chuvas excessivas no Rio Grande do Sul, principal estado produtor, comprometeram a qualidade e a quantidade do trigo colhido, forçando o país a importar volumes adicionais para suprir a demanda. Segundo a Abitrigo, “as exportações do Rio Grande do Sul, estimadas em 1,5 milhão de toneladas, já foram realizadas, e haverá a necessidade de importação de trigo pelo Paraná”, intensificando a pressão sobre os custos.
Mesmo com uma eventual redução no dólar, os impactos da volatilidade nas cotações internacionais e das adversidades climáticas já foram absorvidos pela cadeia produtiva. “Esses fatores, combinados com a valorização do dólar, já estão sendo refletidos nos custos dos moinhos, aumentando a pressão sobre toda a cadeia produtiva”, afirmou a associação.
O Brasil, embora seja um grande importador de trigo para complementar sua produção interna, também exporta parte da safra, reduzindo os estoques disponíveis para o consumo interno. Esse cenário amplia os desafios de manutenção dos preços, tanto para a indústria quanto para os consumidores.
A Abitrigo alerta que a elevação no custo da farinha de trigo deverá impactar diretamente os preços dos produtos derivados, como pão, massas e biscoitos, nas próximas semanas, criando um cenário de alerta para toda a cadeia de abastecimento.