Crise no Banco Master leva à intervenção imediata do Banco Central; participação na SAF do Galo e bens de empresário mineiro são alvos de indisponibilidade.

O empresário mineiro Daniel Vorcaro, dono e principal controlador do Banco Master e acionista estratégico da SAF do Atlético-MG, foi preso nesta terça-feira (18/11/2025) pela Polícia Federal (PF) no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, enquanto tentava deixar o país. A prisão ocorreu no âmbito da Operação Compliance Zero, que investiga crimes graves no sistema financeiro nacional.
A notícia do empresário detido, sob suspeita de crimes como gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa, desencadeou uma resposta imediata e drástica das autoridades monetárias brasileiras.
Liquidação do Banco Master e Bens Indisponíveis
Horas após a prisão, o Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master e da Master S.A. Corretora de Câmbio. Esta medida encerra imediatamente as atividades da instituição e suspende qualquer possibilidade de venda, como a que havia sido anunciada pela Fictor Holding Financeira na véspera.
A PF iniciou a Operação Compliance Zero em múltiplos estados, incluindo Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Distrito Federal, cumprindo mandados de prisão e busca e apreensão. As investigações apontam que o banco sob o comando de Vorcaro teria forjado títulos de crédito falsos e substituído ativos sem avaliação técnica adequada para ocultar problemas de liquidez.
Crucialmente, o comunicado do BC decretou a indisponibilidade dos bens de controladores e ex-administradores do grupo, incluindo Daniel Vorcaro, para garantir o ressarcimento de credores. Para clientes e investidores de varejo, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) foi acionado e garante o ressarcimento de até R$ 250 mil por CPF/CNPJ, por instituição.
O Impacto da Prisão na SAF do Galo (Minas Gerais)
A prisão de Daniel Vorcaro lança uma sombra sobre o futebol mineiro, visto que o empresário é um dos principais acionistas da SAF do Atlético-MG.
- Vorcaro detém, por meio do fundo Galo Forte FIP, uma participação de 26,9% da Galo Holding S.A., acionista majoritária do clube.
- Embora a investigação anterior sobre a suposta ligação do Galo Forte FIP com o ‘Fundo Frozen’ e o PCC tenha sido desmentida pelo Ministério Público e CVM, o novo caso envolve a gestão fraudulenta do Banco Master, de propriedade direta de Vorcaro.
- Especialistas jurídicos-esportivos afirmam que, legalmente, o Atlético-MG não pode ser punido por atos de terceiros (o acionista).
- O clube, no entanto, foi procurado pela imprensa e ainda não se manifestou oficialmente sobre a prisão de seu acionista nesta terça-feira. A indisponibilidade dos bens de Vorcaro, contudo, poderá afetar a posse de suas cotas na SAF, o que será determinado pelo andamento do processo judicial.