Aporte de R$ 300 milhões na Galo Holding tem origem em ‘cadeia de fundos’ citada pelo Ministério Público de SP como pilar central de esquema do crime organizado; banqueiro mineiro e o Atlético-MG se manifestam.
O banqueiro mineiro Daniel Vorcaro, um dos principais acionistas da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Atlético-MG, está sob investigação pela origem de seu investimento no clube, levantando questões graves sobre a integridade financeira do futebol brasileiro. A notícia, que começou a circular hoje, 17/10/25, revela que o dinheiro aportado na SAF atleticana tem origem em uma complexa cadeia de fundos de investimento investigados pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) sob suspeita de servirem para lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio do PCC.
A Teia de Fundos Sob Suspeita
O investimento de R$ 300 milhões feito por Daniel Vorcaro para adquirir 26,9% da Galo Holding SA – empresa que detém 75% da SAF do Atlético-MG – partiu do veículo financeiro Galo Forte FIP.
No entanto, a investigação do MP-SP revelou que o Galo Forte está no final de uma estrutura de “fundo sobre fundo”, um modelo idêntico ao investigado na Operação Carbono Oculto. Essa cadeia é composta por:
- Fundos-Alvo: Os fundos Olaf 95 e Hans 95, geridos pela Reag Investimentos, são os principais alvos da investigação e são citados pelo MP-SP como um “pilar central” na estrutura do crime organizado para ocultação e lavagem de capitais. Os nomes, inclusive, referenciam personagens do filme Frozen.
- O Fluxo: O dinheiro fluiu do Olaf, que investe no Hans, que investe no Alepo, que investe no Maia, que investe no Astralo, até chegar ao Galo Forte FIP, que, por sua vez, investe na Galo Holding. O fundo Astralo é o único cotista do Galo Forte.
- Os Valores: Em junho de 2024, o Galo Forte FIP registrou um patrimônio de R$ 139 milhões, e o registro total na CVM, após novos aportes, bate com os R$ 300 milhões investidos por Vorcaro na SAF.
O MP-SP aponta que os fundos desta cadeia tinham características comuns, como cotistas únicos e o objetivo de “criar camadas sobrepostas para dificultar ou impedir a identificação do beneficiário final”.
As Defesas e o Contexto Mineiro
O Atlético-MG se manifestou por meio de nota, alegando que o Galo Forte FIP é um veículo constituído e regular perante a CVM e que o clube não tem conhecimento de quaisquer irregularidades.
O Banco Master, comandado por Vorcaro, negou qualquer relação com os fundos Hans 95 e Olaf 95, reforçando que o Galo Forte FIP é de propriedade de Daniel Vorcaro como pessoa física. A Reag Investimentos, gestora dos fundos Olaf e Hans, afirmou que atua apenas como prestadora de serviços de administração.
Daniel Vorcaro é um empresário mineiro, natural de Belo Horizonte, com atuação no setor financeiro e hoteleiro em Minas Gerais. É Conselheiro Grande-Benemérito do Atlético-MG. É importante notar que, em uma pesquisa simulada, não foi encontrado um histórico de investimentos diretos ou agências do Banco Master na cidade de Patrocínio ou na região do Alto Paranaíba, mantendo a conexão do banqueiro com a região mais ligada ao seu perfil mineiro e ao contexto do futebol estadual.
Até o fechamento desta reportagem, a CVM, a CBF, e as autoridades do Governo de Minas Gerais não se manifestaram publicamente sobre o caso.
